sábado, 28 de março de 2009

Crónica do Mês - Abril

Quero começar por um tema que em nada tem a ver com o que vou escrever mais abaixo. Estou muito contente pela homenagem justa que a Cooperativa Cultural de Fão fez ao Dr. Armando Saraiva. É uma pessoa que tenho o prazer de conhecer e que me ajudou imenso aquando da realização de um trabalho, na altura para a faculdade, sobre o Novo Fangueiro. Pelo bairrismo, pelo esforço e dedicação, e pela preocupação que tinha de escrever um jornal “para os emigrantes de Fão e para os fangueiros que estão cá na terra” sinto que é uma homenagem mais que merecida.

O Desporto em Fão:
Por ser a instituição que acompanho com mais atenção, sinto que existe, por vezes, algum distanciamento entre os fangueiros e o CF Fão. O clube deu um enorme passo em frente com as condições actuais que possui mas o bairrismo é algo que tende a desaparecer.
Isto é, desde a passagem para o Centro Desportivo que há pessoas que deixaram de ir ao futebol porque se sentiram algo descaracterizadas com a evolução. Porém, a evolução foi um enorme passo em frente, do qual me orgulho enquanto fangueiro, mas compreendo que aquelas pessoas que gostavam de ir ao Campo Artur Sobral assistir a um jogo do Fão, não sintam a mesma coisa agora que até têm melhores condições.
Esta ideia parece algo paradoxa mas não é assim tão difícil de entender. O bairrismo decresceu e a interacção entre o clube e o “povo” já não é a mesma. Portanto, há que chamar as pessoas de volta, o clube tem de mostrar que as quer a apoiar a equipa.
Ora vejamos: desde que a primeira fase do Centro Desportivo ficou concluída, quantas feijoadas voltaram a ser servidas ao domingo no largo da praça? As pessoas gostam disso e ganham simpatia para com o clube. E os preços dos bilhetes? Não é exagerado pagar 8€ ou 8,5€ por um jogo da III Divisão Nacional?
Em tempos de crise ninguém vai tirar estes valores do orçamento familiar para ir ver um simples jogo de futebol. Por mais 5€, já a contar com as viagens, apanhavam o Metro na Póvoa e iam, por exemplo, ver o Portugal vs Suécia ao Estádio do Dragão e tinham a oportunidade de observar o melhor jogador do mundo.
Depois do passo que deu, o clube necessita de se “reforçar” nas áreas certas. Identificar essas áreas não me compete a mim fazer porque não conheço o “interior” do clube mas, por exemplo, porque não criar um grupo de sócios do CF Fão? Poderia ser um espaço dedicado ao debate sobre o clube, onde, periodicamente, os associados pudessem expor ideias para além das Assembleias e ter, assim, um papel mais activo na instituição.
Devido aos anos que estive ligado ao Hóquei Clube de Fão não podia deixar de dar uma palavrinha sobre a instituição. Desde a altura que actual direcção tomou posse, que o clube tem andado, sem dúvida, para a frente.
O clube voltou a organizar o Torneio Internacional de Carnaval pelo segundo ano consecutivo, tem feito prestações francamente positivas nos diversos campeonatos que participa, tem transporte próprio, tem uma direcção entusiasmada com o clube e com os atletas, tem, por vezes, um número considerável de espectadores em dias de jogos e tem, também, alguns seccionistas muito dedicados. Pessoalmente não gosto de individualizar, mas não posso deixar de destacar o trabalho do Zé Paulo e da Ana Maria que têm sido incansáveis há vários anos. Peço desculpa se mais alguém merecia a distinção mas a verdade é que me alheei bastante do clube e o meu conhecimento já não é tão profundo sobre a actividade das pessoas.
Porém, há um senão. O clube, na minha opinião, é algo “fechado”. Dá a ideia de que vive apenas para aqueles que fazem parte da instituição. Por exemplo, por várias vezes os jogos de hóquei calham à mesma hora de um jogo do CF Fão. É natural que as pessoas se desloquem antes ao Centro Desportivo em detrimento do pavilhão. Porventura até gostariam de ir ver hóquei mas na hora de decidir optam pelo futebol.
Sendo o futebol a modalidade principal da freguesia, o hóquei tem de se adaptar a essa mentalidade e, se quer ter espectadores, deve estudar uma forma de os jogos não se realizarem à mesma hora dos seniores do CF Fão.
O Hóquei Clube de Fão não pode ser só os dirigentes, a equipa técnica, os atletas e os respectivos pais. Tem de ser os dirigentes, a equipa técnica, os atletas, os respectivos pais e todas as pessoas de Fão que gostem de hóquei.
Para terminar, gostaria de dar os parabéns à iniciativa que o Tiago Vale e o Américo Monteiro tiveram, ao levar atletas que deixaram de poder jogar andebol no ASP, que terminou com a modalidade devido, segundo o José Lavandeira, entre outras coisas, a exigências da Federação de Andebol de Portugal que a instituição não conseguia cumprir, e as colocaram a actuar no MaiaStars.
Finalmente, peço desculpa por não falar nas outras instituições desportivas da nossa terra mas não acho correcto fazê-lo sem conhecer as suas realidades, embora saiba o elevado esforço que é feito pelas pessoas para as manterem activas em Fão.
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Álvaro Gonçalves

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