terça-feira, 28 de julho de 2009

Crónica do Mês - Agosto

A Bela Praia de Ofir……. Até Quando?

Agradecimento: Não poderia jamais começar esta crónica, sem antes agradecer este repto que me foi dirigido no sentido de escrever algo acerca da minha/nossa linda terra. Como tal, deixo aqui o meu mais sincero agradecimento aos “donos” deste espaço da blogosfera e em particular ao Vítor Hugo, pelo qual fui convidada e honrosamente agradeço o desafio lançado.

O Equilíbrio em Debate ….

Para realizar esta pequena crónica vou debruçar-me acerca de um tema que engloba várias questões, sendo que é ao mesmo tempo um problema e uma realidade que nos afecta a todos nos dias que correm. Falo em concreto das praias, nomeadamente das praias de Ofir, e da sua consequente e cada vez maior erosão ao nível das dunas.
E porquê o equilíbrio em debate?
Para ser possível responder a esta questão é de fulcral importância falar dos oceanos, são eles que nos proporcionam o equilíbrio e a vida, sem a existência deles a vida na terra seria impossível. O nosso planeta seria um deserto, tal como os planetas Marte. É ainda necessário ter em conta que cerca de 71% do nosso planeta é constituído pelos oceanos, fornecem ao homem para além de meios de transporte, e inúmeras actividades recreativas como é o caso do surf, mergulho, pesca, barco (vela e motor), natação etc, proporcionam também recursos como é o caso do óleo e gás, que são obtidos nos oceanos, para não falar da fauna marinha, de toda a vida animal existente no fundo dos oceanos que é necessário ao equilíbrio e á vida humana.
A erosão ao nível de toda a linha litoral, mas focando-me mais concretamente nas praias de Ofir, é um problema bem real. Urge a necessidade não apenas de uma mudança de mentalidades global, mas sobretudo um agir local. Falando em Global, mas afinal o que é isto do aquecimento Global? Ou será antes arrefecimento?
Ao falarmos de erosão, subida da linha do mar e de tantas outras atrocidades cometidas pelo homem, temos que falar claro está no aquecimento global, este provém da alteração da fina camada por qual a terra é coberta, esta, está a ficar cada vez mais espessa devido às quantidades de dióxido de carbono e de outros gases com efeito estufa originados pelo ser humano. Á medida que se torna mais espessa retém uma grande quantidade de radiação infravermelha. Em resultado disso, a temperatura da atmosfera da terra e dos oceanos está a aumentar perigosamente, o que leva assim a um degelo, a uma consequente subida da linha das águas do mar, que colmata numa alteração cada vez mais significativa de toda a linha costeira. Contudo, sem querer parecer demasiado dramática, isto poderá sim, culminar num novo redesenhar dos mapas. Se o aquecimento global derrete o gelo em terra, aumentando a quantidade de água nos oceanos, o mar acabará por invadir continentes, submergir ilhas, varrer do mapa cidades e países, tudo isso será catastrófico, milhões de pessoas que vivem nas linhas costeiras e países baixos invadirão outros países em desespero, serão então milhões de desalojados, tudo isso trará fome, doenças que se progredirão, agua potável que começará a escassear. É em suma uma visão um pouco apocalíptica. Por outro lado, e achando que é o que se chama de um verdadeiro balde de água fria, uma vez que andamos em plena profissão de fé acerca do aquecimento global, eis que chega um cientista russo, e nos diz que o que vivemos não é um aquecimento, mas sim um arrefecimento. Ora bolas, e agora? Porque arrefecerá a terra? E quando ocorrerá?
É simples, isso deve-se ao decréscimo da energia solar, está estimado que ocorra lá para 2050. Teorias ou não, este cientista assegura que o “aquecimento global” já atingiu o seu auge e que a partir de agora teremos temperaturas cada vez mais frias. Este ano, na Sibéria, já se registaram temperaturas dez graus abaixo da média. Quem o diz é um russo. E os russos, de frio, sabem bastante.
Mas não perdendo de vista o tema de fundo pelo qual me decidi a reflectir, e tendo noção de todas as consequências que poderão advir com a contínua progressão do mar e a consequente erosão da linha costeira, eis que surge o BELO EXEMPLO DA PRAIA DE OFIR. Senão vejamos, a praia de Ofir é bastante comprida em termos de extensão já que se expande até à foz do rio cavado, o mesmo já não se pode dizer da sua extensão desde a duna até á linha do mar, sendo que nos últimos anos tem vindo a sofrer de uma grave erosão, em que muito não tem sido feito no sentido de controlar esse problema. É uma zona turística por natureza possui grandes recursos naturais. A praia em si é habitualmente muito frequentada por surfistas. Possui fundos de areia em determinadas zonas, e rocha em outras o que faz com que reúna as condições ideais para a prática da modalidade entre outras.
Possui bandeira azul há vários anos, e tem como particularidade pertencer á Área de paisagem protegida do Litoral de Esposende, é aqui neste ponto, que apesar de achar de bastante significância o facto de ser uma zona de paisagem protegida, na tentativa de preservar todos os recursos que naquela zona se encontram, por outro lado causa-me uma certa estranheza o facto de não serem tomadas mais medidas no sentido de combater a crescente erosão que assola a zona de Ofir, mais no lado sul da praia, que dá pelo nome de praia da Sr.ª da Bonança.
Ofir é uma zona Tida e Dita de protegida, aonde o mar tem vindo a avançar desde a década de 70. Aí se deu o inicio do problema que assola toda esta zona, em que foi necessária a construção de paredões, mas estes a meu ver só vieram piorar, no entanto não tentem colocar a culpa de tudo em cima das desgraçadas pedras, que foi o que aconteceu com um caso bastante polémico e de opinião pública em que um senhor montado nos euros, ganha um processo contra o Estado alegando que as “pedras” fizeram com que o mar estivesse a uns parcos metros de sua real vivenda. Oh que desgraça! Agora era a vez de este Senhor ser processado por ter cometido o crime de construir uma casa em cima das dunas. Isto realmente é uma pândega.
Mudando de assunto, mas não de tema, todos os anos com a chegada da época balnear não assisto a um controle e consciencialização por parte das chamadas entidades “protectoras”. Esta zona é assim invadida durante os meses de verão por milhares de pessoas, que insistem em destruir a vegetação - tão rica e rara -existente, enterrando os seus carros, ao lado do local de onde fazem os seus piqueniques, sem existir ao menor preocupação em retirar o lixo após a realização do mesmo.
O que de facto se tem vindo a observar é que existe uma despreocupação quer com os pinheiros quer com as dunas, uma vez que o que se constata é que uns vão tombando e os outros secando. Vários factores entram em certa contradição com a preocupação em preservar aquela zona, de entre muitos posso referir a construção abusiva que foi em tempos feita ao longo de toda a linha, os casos mais gritante são as famosas torres de Ofir, assim como o próprio hotel Ofir, que se encontram em cima de dunas. Para além também de todas as moradias privadas que ao longo dos anos foram sendo construídas em plenas dunas. Tenho noção que este não é apenas um problema que afecta esta zona, pois por toda a linha nacional a situação aconteceu e continua a acontecer, mesmo com os esforços que têm sido realizados no sentido de cada vez mais se tentar combater este tipo de situações.
Mas o que acontece é que ao longo dos últimos anos, e com as politicas que têm sido desenvolvidas no sentido de uma maior consciencialização e sendo o pinhal de Ofir, uma zona que se encontra a laços estreitos com a linha costeira, funcionando como um recosto das dunas no sentido de ajudar também a uma maior fixação das areias este tem vindo aos poucos a ser destruído, na construção de moradias de luxo, que além de serem acessíveis apenas a alguns, encontram-se nas chamadas áreas “protegidas”. Ou seja, as “áreas de paisagem protegida” por muito que me custe, de repente deixam de o ser, quando o poder do dinheiro assim o reclama. É triste, mas mais triste é, quando somos nós, filhos da terra, a contribuírem para a sua destruição. Não acuso ninguém, porque no fundo a culpa é de todos, pela nossa passividade e pelo deixa andar, claro que depois atirar pedras aos outros é sempre o caminho mais fácil.
Grande parte do pinhal de Ofir encontra-se mesmo junto á linha costeira, toda essa zona possui espécies consideradas raras. A Área de paisagem Protegida do Litoral de Esposende foi requalificada para Parque Natural do Litoral Norte. Os seus limites também foram alterados. A área ocupada passou de 440 h para 8887 h, incluindo área marinha até às 2,5 milhas. Esta é constituída por praias e dunas, às quais estão também associadas não apenas os rochedos costeiros, assim como os estuários do rio Cavado e Neiva, as manchas de pinhal e mata, bem como as paisagens rurais e agrícolas. Esta zona tem já uma forte tradição em termo agrícolas, nomeadamente no que diz respeito á apanha de sargaço, que são algas do marinho e apanha do pilado que são pequenos crustáceos, esta tradição está mais fortemente enraizada nas praias de apúlia. Outra das tradições fortemente enraizadas nesta zona é o cultivo das masseiras.
No que diz respeito á vegetação ao nível das dunas, esta representa um papel fundamental na fixação das areias, poderemos encontrar aí, espécies como o cardo marinho, o estorno e os cordeirinhos da praia. Nas zonas de transição para o mato surgem espécies consideradas exóticas como o chorão, a acácia a austrália, assim como manchas de pinheiros bravos. Esta zona, no que diz respeito á fauna é predominante na avifauna, sendo que coexistem diversas espécies migratórias assim como residentes, falo em aves como a garça-real, o pato – real e o guarda-rios.
No que diz respeito aos peixes, a lampreia, a enguia, o robalo e a tainha são os peixes que se encontram com maior abundância. Outras das particularidades desta zona, são os pitorescos e característicos moinhos de vento, que estão englobados na área de paisagem protegida e que se encontram espalhados por todo o areal de Apúlia. São construções simples, que estão inseridas na paisagem de uma forma magnífica.
Considero que a requalificação foi um grande passo na tentativa de preservação desta zona, que vive essencialmente da terra e do mar, é importante cada vez mais criar uma consciencialização para que se preserve o que de melhor possuímos. Sendo esta uma zona turística por excelência, em que muitas vezes o progresso é feito em detrimento da preservação, tudo tendo em vista mais turismo, com o pensamento de um maior desenvolvimento, não será necessário repensar estas ideias? Pois se somos procurados pelos recursos e beleza que possuímos, se tudo for aos poucos deitado a perder, e sendo esta e mais uma vez ressalvo, uma zona que vive do turismo, com a perca dele viveremos de quê?
Esta é daquelas perguntas que considero que é um chamado “chapéu de dois bicos”, pois por um lado rapidamente somos acusados de um propagandismo barato, uma vez que rapidamente se misturam questões políticas, com os reais interesses e no fundo quem sai realmente a perder é o espaço ambiental e anos mais tarde, nós, os nossos descendentes, que se verão a braços com uma real questão de cada vez mais difícil resolução.
Não é contudo minha intenção “difamar” qualquer tipo de trabalho, ou tentativa de o julgar falso, até porque considero como já referi que muito tem sido feito. Mas é, e mais uma vez digo urgente pensar e repensar em formas de combater a erosão, porque por muitas políticas que se adoptem, se algo não for feito rapidamente, o velho ditado das pessoas que toda a vida viveram junto ao mar é bem passível de ser cumprido, é algo do género “um dia o mar vem recolher o que lhe pertence”.
O panorama ecológico começa com uma visão do todo, ou seja como as diferentes partes pelas quais a natureza é composta e como interagem entre si na preservação do equilíbrio. Mas não podemos ver a natureza como algo à parte, também fazemos parte do todo e como tal é uma imagem recíproca de nós mesmos.
Por outro lado existe uma tendência em nós, o que acaba por ser uma visão limitada, ou seja que os nossos actos de hoje não terão mais tarde consequências nas gerações futuras, como que se os nossos actos, não tivessem apenas consequências num futuro que nos parece demasiado longínquo, em que os nossos filhos e netos nem sequer iram sofrer consequências. Esta tendência tende ainda a ser mais limitada, quando pensámos, que não vão ser os nossos actos, que iram fazer a diferença, seja para o bem ou para o mal. Como nos diz Al Gore, no seu livro «A terra à procura do equilíbrio» em que ressalta o facto de esta ser uma herança, que de certa forma nos é transmitida a todos, e ainda hoje continua a ser, principalmente às crianças. “A Terra é tão grande e a natureza tão poderosa que nada que façamos pode ter algum efeito importante ou duradouro no funcionamento normal dos seus sistemas naturais.”
Penso que o ser humano, cada vez mais começa a ter consciência dos seus próprios actos, mas mesmo assim tem a tendência, e a capacidade de se conseguir remeter para uma espécie de “cegueira mental”. O homem no seu pleno uso de todas as suas faculdades consegue realmente ser um cego que tudo vê.
Por: Isabel Cristina Da Costa Torres

Uma “Filha” de Fão

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