sábado, 24 de abril de 2010

Crónica do Mês - Maio

ANDARÃO AS PESSOAS OU AS TRADIÇÕES FANGUEIRAS COM FALTA DE “SAÚDE”?

Antes de mais, não poderia deixar de transmitir o agradecimento que me cabe pelo convite endereçado pelo Nuno Lopes para escrever a crónica do mês no seu blog, “Conversa de café”. Apesar de ter tomado conhecimento à relativamente pouco tempo da existência do mesmo, desde logo aceitei o convite pois do que vi gostei e achei bastante interessante, com uma compilação de informação pertinente e que sem dúvida para Fão, é uma mais-valia. Deixo também as mais sinceras felicitações a todos aqueles que deixaram o seu parecer e transmitiram as suas ideias em crónicas anteriores, pois como o Nuno diz, “sem dúvida que queremos todos o melhor para Fão”, afinal não fosse esta, a terra de todos nós.
Apesar de estar desde há quatro anos “longe” de Fão, o que levou a uma dificuldade acrescida na escrita da crónica por os motivos que lhe estão claramente associados, a nossa terra nunca se esquece, ainda mais uma bela terra como o nosso cantinho de Fão. Ou não fosse, como é enunciado numa cantiga que me veio à memória, reveladora do quanto a nossa terra é uma terra sem igual, passo a citar…”Oh Fão antigo, torrãozinho sem igual, és o mais lindo, cantinho de Portugal…”. Sem dúvida uma verdade…Mas estará Fão no seu melhor estado de saúde? Ou estarão as pessoas com falta de saúde?
As festas e tradições mal ou bem têm-se mantido, o que sem dúvida é de louvar o esforço feito por todos aqueles que de uma forma ou de outra têm contribuído para esse efeito. Fão é sem dúvida muito mais do que uma festa ou outra, mas é a cultura de uma terra, é a cultura de um povo, é a cultura do relacionamento e esforço que fazem de uma boa terra, uma terra única. E isso tem vindo a deteriorar-se, Fão já não é o mesmo. É de alguma forma triste verificar que aos poucos e poucos a nossa terra se tem vindo a desvanecer no tempo. Culpa de um, culpa de outro? Não me parece….culpa sim, de todos nós fangueiros. E não é só uma questão de dimensão, ou de estagnação, mas principalmente uma questão de espírito, de vivacidade e de alma. Não vou apontar nenhum caso em particular, pois parece-me que a falta de “saúde” das tradições e do povo se vem generalizando.
Tradições à parte, não queria desperdiçar a oportunidade de ainda fazer referência, passando o pleonasmo, à referência da nossa terra que é o turismo. Caso, que a meu ver está a tomar proporções que futuramente a sua recuperação e reestruturação já pode ser tardia. É preciso preservar aquilo que nos “pertence”, entre os quais a praia, o rio, o pinhal de Fão, que todos os anos trazem para perto de si centenas de turistas que consigo revitalizam a nossa terra, não só economicamente, mas também pela sua vivacidade.
Finalizo, esperando sinceramente, que todos deixem os interesses à parte e que façam de Fão, “um cantinho sem igual”, com pessoas e uma cultura únicas, que levem a nossa terra à sua máxima excelência. A todos os que sempre fizeram algo por esta terra de todos nós e continuam a não a deixar morrer, as minhas mais francas congratulações. Todavia, cabe a todos nós, mas principalmente àqueles que podem fazer realmente mais por Fão, que o façam. Falta transmitir a visão, delinear melhores objectivos, e tecer melhores estratégias para os atingir. Temos os meios, façam por chegar à meta.
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Um abraço e haja saúde,
Marco Lagoela.

2 comentários:

Jorge de Sequeira disse...

Parabéns, Marco Lagoela, pelo tua crónica. Quanto mais se tempo se está afastado do "Cantinho" mais saudades se sente dele. Só passei a minha meninice nele. Nunca deixei de o amar e cada vez mais. Sempre saudades. Ainda bem que há os "blogs", a "Comunidade Fangueira", "O Novo Fangueiro". Há muito orgulho nos seus autores. Ainda bem os afastados, como eu, gostam de saber o que se passa no "Cantinho". É pena não haver mais comentários. Temos que valorizar aqueles que nos transmitem tudo o que de importante se passa no "Cantinho" tão amado. Cada vez mais a saudade vai aumentando mas cada vez mais me sinto nele. Sempre com Fão e sempre em Fão.

Um Hipocondriaco disse...

Marco,

É com enorme prazer que leio o tua crónica, e quero felicitar-te, não só pela qualidade, mas igualmente pela clareza e lucidez. Infelizmente as coisas em Fão já tiveram melhores dias, e tal como dizes, a culpa é de todos nós fangueiros. Mas sinceramente o grande problema, passa pela não aceitação desse mesmo problema. O que verifico é que na grande generalidade das pessoas, não está claro, que Fão está mais "pobre", mais "pálido". Tal como no alcoolismo, anorexia, e outros afins, uma doença só pode ser tratada, se o doente aceitar essa mesma doença. Não será esse o nosso grande obstáculo? Parece-me que sim. Tal como tu também estou afastado de Fâo, á 6/7 anos, contudo continuo a visitar com assiduidade, já que afinal, esta é e sempre será a minha terra, o sitio onde nasci, e cresci, e acima de tudo, um sitio que tantas alegrias me deu. É com imensa pena minha, que com o passar dos anos, veja tão poucas evoluções, problema que não é só da nossa vila, é um problema do nosso país, e isso sim, é que é o mais grave.

Cmpts
Rui Pedro Silva